A transformação digital pela qual o mundo passou nos últimos quinze anos tem contribuído largamente para o acesso remoto à informação. Na publicidade, diz-se que “o futuro chegou”. E no universo do trabalho, o impacto tem sido igualmente grandioso: muitas profissões nasceram ou se readaptaram nesse cenário.
Cenários trazidos pela Transformação Digital
Vimos o surgimento das startups, a ascensão dos YouTubers, a guerra tecnológica dos smartphones, o desaparecimento de profissões (como telefonistas e datilógrafos). O mundo é tecnológico. Há tempos vivemos nesse mundo. Mas, porque somente agora, nós nos deparamos com essa transformação?
A questão é que neste momento de incerteza — no qual todos estamos passando, principalmente por causa do isolamento social forçado —, muitas empresas acabaram descobrindo que não eram tão modernas como imaginavam. A confusão é facilmente explicável. Atender a um telefonema profissional no celular às 22h de um sábado é trabalho remoto num cenário moderno, sem dúvida. Só que trabalhar remotamente não se limita a isto.
O trabalho à distância envolve muito mais, como estrutura, organização, consolidação de uma nova mentalidade sobre as relações de trabalho, mudança de paradigmas na empresa e em seus colaboradores, capacidade de reconhecer as necessidade do mercado, ter visão do cenário tecnológico, político e financeiro, além de muito mais.
Inclusive, circula pela internet um texto interessante que ilustra bem essa mudança:
O Uber é considerado a maior empresa de táxi do mundo, mas não possui um único veículo em seu nome.
A mídia social mais popular do planeta, o Facebook, não produz conteúdo.
O Alibaba, é o varejista mais valioso do mercado, não conta com depósitos de mercadorias.
E o Airbnb, maior provedor global de hospedagem, não é dono de um único quarto de hotel, se quer.
Com pequenas variações, é possível encontrar diferentes versões desse texto aqui e ali. Mas, a mensagem é clara: entramos num modelo de negócios disruptivos, nos quais pode-se começar com equipes enxutas, espaços limitados e a partir daí crescer ao ponto de atrair consumidores e investidores em proporções globais, dando origem a empresas bilionárias. O foco está numa boa ideia. Os exemplo acima, não precisaram ir além, não precisaram estocar, comprar para revender, construir, contratar colaboradores.
Novos tempos pedem novas formas de gestão
A disrupção está em pensar fora da caixa! É recriar, reconstruir, reavaliar ideias já concebidas em outros formatos mais práticos, mais enxutos, mais viáveis e escaláveis. Ter uma grande ideia, para ter um negócio de sucesso é pensar de forma diferente, disruptiva, como as empresas citadas acima fizeram. Elas pegaram uma ideia executada e a recriaram em um cenário diferente! Mas, para isso, é preciso ter um novo olhar. É preciso pensar nas pessoas. É preciso ser flexível, viável e ágil. É preciso perceber o seu entorno, as necessidades das pessoas!
Embora a tecnologia esteja em nossas rotinas há tempos, nem toda empresa soube aproveitá-la ou “abocanhar” as novas possibilidades do mercado. Alguns nichos, inclusive, demonstram cada vez mais resistência em inovar (taxistas, se queixam do Uber, administradoras de imóveis condenam o Quinto Andar, hotéis desejam acabar com as licenças do AirBnb).
Só que agora, com a necessidade de isolamento social temporário, muitos negócios não têm opção, senão se reinventar. As empresas estão sendo obrigadas a encarar o processo de transformação remota e a descentralização de suas práticas, rotinas e tomadas de decisão. Aquelas que não deram qualquer passo nessa direção antes de o COVID-19 aparecer, tomaram um solavanco.
É possível reinventar o meu negócio?
A grande dúvida é se todas as empresas serão capazes de se adaptar à nova realidade. A resposta é: sim! Mesmo aquelas que dependem totalmente de processos presenciais (como as indústrias), podem mudar a maneira de conduzir seus processos, bem como formas de distribuir seus produtos.
Veja como sua empresa pode se adaptar, independentemente de seu nicho de atuação.
Conheça bem o seu negócio
Para saber como reformular seus serviços e produtos, você precisa conhecer bem o seu modelo de negócios, principalmente se você atua com produtos e serviços não essenciais. No ramo de restaurantes, por exemplo, é fácil saber como diversificar: basta refazer a logística para trabalhar com entregas em domicílio. Mas e em casos não tão óbvios?
Um case de sucesso, por exemplo, são aquelas empresas que fornecem carros de mensagem para parabenizar as pessoas em datas festivas. Muitas instalaram telões em seus carros, de modo que os parabenizados pudessem ver vídeos de parentes e amigos através da janela de casa. Salões de beleza e agências de viagens estão vendendo pacotes para uso futuro.
Enfim, quanto mais você conhecer seu negócio, mais chances de surgir uma ideia inovadora.
Conheça seu cliente
Tão importante quanto conhecer seu próprio negócio, é conhecer seu cliente. Caso necessário, realize pesquisas para conhecer os atrativos de sua empresa perante o olhar do cliente.
Compreenda por que ela é solicitada. Existem muitos formulários de pesquisa que podem ser enviados por e-mail, como o Survey Monkey. Use seu ponto forte para reformular sua maneira de chegar ao consumidor final.
Acompanhe o fluxo de caixa
De acordo com o Sebrae, 40% dos empreendedores não têm o hábito de acompanhar as entradas e saídas em seu negócio. E se você não tinha esse hábito, é hora de adquiri-lo (e não o perca quando o isolamento social terminar).
Registre tudo; mesmo os pequenos gastos e receitas devem ser contabilizados. Deste modo, não apenas ficará nítido qual o faturamento necessário para atravessar os próximos meses, como você terá noção se há capacidade para realizar algum investimento.
Invista em trabalho remoto
O trabalho remoto, ou home office, ajuda na redução de custos da empresa e melhora a produtividade entre funcionários que desejam mais flexibilidade e qualidade de vida.
Para dar certo, o mais importante é manter uma excelente comunicação com a equipe. Todos devem estar muito cientes de seus deveres e obrigações. Leia aqui como implementar o trabalho remoto.
Antecipe tendências
Procure estudar as tendências do mercado em geral. Por exemplo: houve uma época em que o ensino à distância era visto com desconfiança. Nesse período de confinamento, muitas pessoas estão descobrindo as benesses de se estudar via internet. Avalie os hábitos de consumo para compreender esse movimento.
Invista em Marketing
Seu negócio precisa continuar no mapa. Não estamos falando de investir em mídias de grande massa, mas de se fazer lembrar nos lugares certos. Algumas redes de papelarias, por exemplo, tiveram de fechar as portas, por isso agora realizam entregas de material, principalmente para funcionários em home office.
A maioria delas tem divulgado o serviço em redes sociais, como grupos do Facebook ou pelo Instagram. Apenas lembre-se: não saia atirando para todos os lados, senão vai parecer spam. Vá nos lugares certos, onde está seu público-alvo, personalize cada anúncio. Se necessário, realize promoções para arrebanhar novos clientes.
Negocie com fornecedores, bancos e credores
O momento é complicado para todo mundo. Mas não deixe de negociar, principalmente se houver algum tipo de inadimplência. Apresente dados sólidos em suas negociações, principalmente para conseguir as melhores taxas de juros em caso de necessidade de empréstimos..
Modifique levemente o modelo de negócios, se necessário
A Ambev, empresa brasileira de produção de bebidas, produziu 500 mil unidades de álcool em gel para doar a hospitais municipais do Rio de Janeiro, São Paulo e do Distrito Federal.
Boa parte desse álcool veio do próprio processo cervejeiro, já que a empresa precisa retirar o álcool de algumas de suas bebidas, que são comercializadas como “zero álcool”. Embora a Ambev não tenha lucrado, afinal foi uma doação, o nome da empresa foi gravado em todos os rótulos, o que indiretamente funcionou como uma ação publicitária.
O mais importante de tudo, é levar as muitas lições deste período de isolamento social para sua empresa. Quando retornarmos ao normal, não volte ao velho status quo. Agora é a hora de aderir à modernidade de vez e aprender a se adaptar ao mercado. A questão de sobrevivência também se estende ao profissional.
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