A ISO 50001 é uma norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), publicada em 15 de junho de 2011 e atualizada em 2018, e foi criada com o intuito de auxiliar as empresas a implementarem um Sistema de Gestão de Energia para usufruir das fontes de energia de maneira mais eficaz e consciente. A certificação na ISO 50001 integra a eficiência energética às práticas de gestão e manufatura já existentes na organização e também na cadeia de fornecedores.
Ao conquistar o selo ISO 50001, o qual é reconhecido internacionalmente, as organizações conseguem mensurar, registrar e documentar com exatidão seu consumo energia, sendo capazes também de mensurar com muita precisão os impactos causados ao ambiente (como a emissão de gases causadores do efeito estufa, por exemplo), e podendo desta forma tomar medidas preventivas para evitar (mais) danos ao planeta.
Qualquer empresa pode se certificar na ISO 50001?
Sim, qualquer empresa, seja qual for seu porte, nicho de atuação ou produto/serviço oferecido. A certificação ISO 50001 é recomendável principalmente para aquelas empresas que possuem alto consumo de energia e que desejam reduzir seus custos e a emissão de gases poluentes.
Energia limpa
No Brasil, o setor industrial é o que se mostra mais interessado na certificação referente ao Sistema de Gestão de Energia, pois o consumo de energia muitas vezes pode representar um aumento considerável no custo de produção. Mesmo quando uma empresa faz o possível para recorrer a fontes de energias renováveis (como a energia eólica ou a energia solar), no Brasil ainda temos muitas limitações devido ao alto custo para implementação de alguns sistemas. Por causa disso, a energia hidroelétrica ainda é a principal fonte para produzir eletricidade em nosso país: nada menos do que 90% da energia elétrica consumida no Brasil advém de usinas hidrelétricas.
Não podemos negar que a implementação de um Sistema de Gestão de Energia exige mudanças nas práticas institucionais já existentes na empresa, no entanto, não é algo extenuante, nem tampouco impossível. Para melhorar a eficiência do consumo de energia no meio corporativo, dois critérios são fundamentais: gestão sistêmica e abordagem de comportamento.
O primeiro diz respeito ao trabalho em conjunto; ou seja, a empresa deve ser vista como partes de um todo, de modo que ao final todos colaborem entre si. Já o segundo item aborda questões de hábito pura e simplesmente. Tais questões vão desde o desperdício de energia no dia a dia (Exemplo: aquele funcionário que não apaga a luz do banheiro ao sair) até a instalação de sistemas mais complexos para economia de energia (como painéis de energia solar).
É importante lembrar que a gestão de energia pode ser diretamente integrada aos processos de gestão ambiental já existentes na organização, portanto, se sua empresa já tiver algum tipo de programa nesse sentido, a gestão de energia pode se tornar um apêndice dele. O uso sustentável da energia é um dos pilares fundamentais da preservação do meio ambiente, visto que representa grande impacto socioambiental, principalmente no que diz respeito ao uso da energia de fontes esgotáveis (como os combustíveis fósseis) e da exploração de recursos naturais.
Sob a luz dos benefícios
A implementação da ISO 50001 traz diversas vantagens à sua organização, tais como:
- Reduzir custos não apenas da energia em si, mas de custos gerais, pois o monitoramento do uso de energia ajuda a identificar os pontos nos quais pode haver melhorias nos processos da companhia como um todo.
- Melhorar o aproveitamento energético de todo o espaço físico da organização e uso mais eficaz dos ativos de consumo de energia existentes.
- Diminuir a emissão de gases poluentes na atmosfera.
- Promover melhores práticas de gestão de energia e reforço de bons comportamentos em todos os funcionários.
- Auxiliar na avaliação para a implementação de novas tecnologias de eficiência energética e também fornecer estrutura para promover a eficiência energética ao longo da cadeia de abastecimento.
- Aumentar a confiança e credibilidade diante de fornecedores, parceiros e clientes, pois estimula a transparência e facilita a comunicação sobre a gestão dos recursos energéticos.
A implementação do Sistema de Gestão de Energia pode ser integrada ou independente aos outros sistemas existentes, fator que pode facilitar muito para a empresa, pois ela pode gerir de acordo com as condições que já possui.
Como o serviço de Consultoria ISO 50001 pode te ajudar
Para implementar a ISO 50001, é importante fazer uma avaliação das condições organizacionais, tais como o ritmo de atividade produtiva, e assim realizar uma previsão e o alinhamento dos objetivos da certificação aos objetivos da organização. Assim como as Normas ISO 9001 e ISO 14001, a ISO 50001 também segue o modelo de gestão de melhoria continua, mais especificamente o método PDCA, sobre o qual já falamos tantas vezes. Dentro do Sistema de Gestão de Energia, ele se dá da seguinte forma:
Plan/Planejar: neste momento, compreende-se a situação real da empresa baseando-se em indicadores de desempenho, os chamados ENPIs, Energy Performance Indicators (Indicadores de desempenho energético, em tradução livre). Os ENPIs são os indicadores adotados para medir, avaliar e controlar os aspectos mais relevantes da instalação, bem como aqueles que podem afetar o alcance dos objetivos da empresa. Neste momento, sua empresa basicamente vai responder às seguintes perguntas:
- O que vamos medir?
- Que razão vamos adotar?
- Como vamos medir?
- Como podemos alcançar a meta?
- O quão importante este fator é para a empresa?
- Quanto tempo levaremos para atingir a meta?
Do/Fazer: fase em que os planos da etapa “Plan/Planejar” são propriamente implementados. Neste momento, é preciso se certificar de que todos da empresa estarão colaborando. É essencial que todos os envolvidos tenham uma função determinada e que recebam apoio durante a execução daquilo que foram solicitados a fazer.
Check/Verificar: fase em que resultados devem ser medidos, monitorados e documentados. Como foi a participação geral? Existem pendências? Todas as atividades listadas na fase de planejamento devem ser monitoradas nesta fase. Também é um bom momento para se comparar tudo o que foi previsto com o que será realizado.
Act/Agir: todos os itens dentro dos critérios planejados finalmente podem ser desenvolvidos e colocados em prática. Já aqueles que necessitam de ajustes devem passar por ações corretivas, para só então serem implementados.
Durante todo o processo é recomendável adotar um software de gestão que possibilite o registro exato de tudo o que está sendo feito. E não custa nada lembrar: o método PDCA é um processo cíclico, que deve ser realizado de tempos em tempos, pois parte da premissa que as melhorias numa empresa são constantes e dotadas de possibilidades infinitas.
Conclusão
Ainda é comum gestores acreditarem que Sistemas de Gestão de Energia são complexos demais para se implementar ou que se aplicam somente a indústrias grandiosas. No entanto, a Gestão de Energia pode ser aplicada em todos o momentos, mesmo nas pequenas empresas, a partir de ações diárias (como uso de lâmpadas econômicas, gestão do pessoal para uso consciente de energia, adoção de computadores e eletrodomésticos com menor consumo de energia etc). E, claro, a Gestão de Energia vai muito além de questões econômicas. Ela representa o modo como lidamos com os recursos oferecidos pela natureza.
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