O trabalho dos operadores de empilhadeira é fundamental para qualquer função logística. Sem eles, a movimentação de cargas nos interiores dos galpões e centros de distribuição não seria possível. Milhões de toneladas de mercadorias são movimentadas diariamente em todo o mundo através de empilhadeiras.
Assim como é grande o volume das operações, é também expressiva a quantidade de acidentes que ocorrem neste tipo de trabalho. Na maior parte dos casos não há danos físicos significativos para os trabalhadores, contudo, são grandes as perdas materiais causadas pelas falhas nestes processos.
Por isso é de extrema importância o gerenciamento de riscos dos processos logísticos. Neste artigo, trataremos especificamente da gestão de riscos relacionada aos operadores de empilhadeiras.
Entendendo a gestão de riscos
Gestão de riscos é, por definição, a administração de fatores críticos que podem causar variações indesejadas nos resultados dos processos. A gestão de riscos trabalha com priorização, assim, apenas fatores críticos são monitorados e administrados.
Tome por exemplo, uma indústria automobilística. Faz todo sentido para ela, o monitoramento das taxas de juros, preços dos concorrentes e insumos como aço, alumínio e etc., mas não faz muito sentido estabelecer um indicador específico para monitorar o comportamento do preço dos sabonetes usados nos banheiros da fábrica, visto que este não é um fator crítico para os resultados.
Assim, a gestão de riscos monitorará o que é importante e adotará planos de ação para que a organização faça tudo o que estiver ao seu alcance e que for viável, para reduzir a variabilidade nos resultados de seus processos.
No caso das operações com empilhadeiras, deverão ser monitorados os riscos identificados como críticos para o processo, os quais serão levantados pela gerência da área.
Sistematizando a gestão de riscos com a norma ISO 31000
Para facilitar o trabalho de gerenciamento de risco ao redor do mundo, a ISO publicou uma norma que trata especificamente deste tema, aqui no Brasil ela foi denominada como ABNT NBR ISO 31000:2018.
A norma define os riscos e padroniza a forma como eles deverão ser tratados dentro da organização. Sua principal vantagem é a integração total com as demais normas do sistema ISO, como a 9001, 14001 e 450010.
O que a ISO 31000 faz é sistematizar a forma como os processos tratam e interagem com os fatores de risco. Assim, a prevenção e análise crítica passam a fazer parte do cotidiano da empresa, estando ligadas ao processo de tomada de decisões dos gestores.
Principais riscos relacionados aos operadores de empilhadeiras
No caso dos operadores de empilhadeira, existem dois tipos básicos de riscos, os humanos e materiais. Os riscos humanos são aqueles relativos a acidentes ou incidentes que envolvam a movimentação de cargas por este tipo de equipamento. Já os riscos materiais são aqueles decorrentes de colisões e quedas dos materiais que estão sendo movimentados.
A gestão de riscos atuará preventivamente junto aos operadores, através de treinamentos e administração do processo por diretrizes. Não basta incentivar o comportamento preventivo, ele deve ser sistemático e fazer parte do procedimento padrão de trabalho, apenas desta maneira os riscos serão controlados.
Aplicando o gerenciamento de risco à operação de empilhadeiras
A primeira coisa que deverá ser feita é o levantamento de perigos e riscos, o qual é obrigatório para a obtenção da certificação ISO 45001. Os perigos são entendidos como as ocorrências dos riscos, veja a tabela abaixo que exemplifica o conceito.
Perigo | Risco |
Emissão de poluentes pelo motor da empilhadeira | Ambiental |
Elevação de cargas em ambiente com tráfego de pessoas | Integridade Física |
Utilização do equipamento em seu limite de resistência | Financeiro |
Posteriormente, deverá ser feito o mapeamento de riscos inerentes à operação das empilhadeiras, o quadro abaixo mostra um exemplo do levantamento feito por parte do processo de movimentação de cargas.
Operação | Risco | Ação preventiva |
Elevação da carga | Queda do material | Verificação do encaixe dos pallets |
Movimentação da carga elevada | Colisão ou tombamento | Verificação da capacidade do equipamento e tráfego limitado às áreas demarcadas |
Disposição da carga | Colisão | Demarcação de áreas de disposição e sinalização das instalações |
Uma vez que todas as operações foram mapeadas e os riscos listados, chega o momento de desenvolver planos de ação para mitigar ou minimizar a possibilidade de ocorrência do risco observado.
Os planos de ação deverão ter metas claras, indicadores estabelecidos e um processo de cobrança e verificação bem ajustado, assim, os responsáveis agirão preventivamente e cumprirão os objetivos listados.
É importante também que o processo de verificação seja referenciado por evidências de atendimento às normas estabelecidas. Por exemplo, digamos que uma das ações do plano foi a verificação das correntes de elevação das empilhadeiras a cada 150 horas de uso.
Seria razoável exigir uma evidência de que este procedimento está sendo cumprido, tal evidência poderia ser gerada em um ticket com assinatura, data e hora da conferência.
Como a ISO 45001 afeta o trabalho dos operadores de empilhadeiras?
Quando se fala em segurança ocupacional, a palavra de ordem é ISO 45001. Até pouco tempo atrás, a norma mais utilizada era a OHSAS 18001, contudo, ela foi substituída pela nova ISO em meados de 2018.
A ISO 45001 irá sistematizar todos os procedimentos de segurança da operação, fazendo com que eles passem a integrar os processos de rotina, assim, a segurança ocupacional não será vista como uma atividade acessória ao processo, mas sim como parte dele.
Além do levantamento de perigos e riscos, haverá a verificação da legislação aplicável e a busca por evidências de seu cumprimento. Com a ISO 45001, a gestão de riscos se torna completa, pois além dos riscos físicos, a parte legal também é contemplada, elevando a qualidade gerencial da companhia.
Operadores de empilhadeiras executam um trabalho fundamental para a movimentação de cargas na economia global, esta atividade, embora não aparente, também é de risco, uma vez que há o transito de toneladas de materiais em suspensão, pouco acima da cabeça dos colaboradores.
Por isso é essencial que as empresas se atentem para a gestão de risco destes processos e criem procedimentos para mitiga-los, e quando não for possível, ao menos reduzi-los.
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